sexta-feira, 30 de março de 2007

experiencia

sou eu...

Passatempo ou Projecto?

Passatempo: ocupação do tempo com o que dá prazer, com vagar e sem exigência de grande esforço; aquilo em que as pessoas se ocupam em tempo de lazer; que serve de entretenimento; de distracção, que ajuda a passar o tempo de forma agradável
Projecto: o que se pretende fazer; empreendimento que alguém se propõe levar a cabo dentro de um determinado esquema e visando objectivos bem definidos; traços ou ideias mais ou menos pormenorizadas de um trabalho que se pretende realizar=plano;
Dicionario da Academia das Ciências

Os CTT lançaram, pela mão do seu departamento de marketing, o Passatempo "aqui há selo".
Nele pretendem obter
do maior número de pessoas possível a sugestão de temas para os selos a emitir pelos CTT
.

Como estratégia de marketing tem a sua eficácia, porque ao permitir o envolvimento das pessoas na decisão, e oferecer-lhes a oportunidade de sugerirem ideias, obtêm uma série de sugestões preciosas a custo zero (mas que sendo dadas de boa vontade não se pode dizer que sejam usurpadas) e uma divulgação alargada do produto, pelo envolvimento dos "amigos do proponente" na votação.

Mas podendo ficar por aí na participação pública, o Gabinete de Marketing decidiu alargar o Passatempo até à fase de Projecto do próprio selo (ponto 3.4 do Regulamento que se pode ler em http://aquihaselo.com/regulation.aspx), sugerindo a apresentação de propostas criativas.
Por qualquer pessoa que sinta ter em si uma ideia ou uma imagem que se possa transformar num selo. Ideias essas que podem vir a ser modificadas total ou parcialmente. E sem garantia de virem a ser executadas.

E aí é que reside o equívoco do Gabinete de Marketing.
É que isso é tudo menos projecto e chamá-lo como tal induz as pessoas em erro.
Um projecto implica uma determinação, um plano e conhecimentos.
Os CTT, que dispõem de um Gabinete de Design, deveriam saber melhor do que ninguém que questões como os métodos de reprodução e suas questões técnicas e restrições, a legibilidade da informação num campo de intervenção tão pequeno, as questões relativas à composição dos elementos e suas hierarquias, a oportunidade de criar uma colecção, etc. não são coisas que se ataquem com displicência.

E daí o perigo das iniciativas isoladas dos Gabinetes de Marketing, que confundem projecto com passatempo!
MO


quarta-feira, 28 de março de 2007

Profissões ou competências

Aprovada a nova Classificação Nacional de Profissões, pergunto a mim mesma, se no quadro actual, fazê-lo ainda faz sentido.
Profissão vem do latim Professio, e significa "actividade remunerada que uma pessoa desempenha e que exige formação e especialização".

Mas, embora ainda não nos estejamos a dirigir para a prática do Homem da Renascença, conhecedor e sábio, interessado e interveniente em diferentes áreas, cada vez mais se exige no âmbito profissional que se seja polivalente e flexível.
Mudar de profissão, por exemplo é visto nos dias de hoje como coisa normal, quase desejável.

Por outo lado, dou conta que a minha profissão - designer - apresenta contornos cada vez menos nítidos na área de intervenção.
Sou frequentemente chamada a exercer uma série de competências que poderiam noutros tempos não estar ligadas à prática habitual da profissão, ou mesmo pertencer a outras.

And yet... posso e devo exercê-las.


Certas formações, apesar de inscritas nessa Classificação Nacional de Profissões, permitem exercer quase tudo - como o antropólogo - ou então na prática não existem como profissões - como o filósofo.

Mas quando se verifica que o processo de classificação de profissões exige a definição ao pormenor dos conteúdos funcionais, tudo isto perde um pouco o sentido e apresenta-se algo anacrónico.

Então em que ficamos? Precisamos de profissionais ou competentes?
MO