sexta-feira, 30 de maio de 2008

A mala LA.GA


Ao "folhear" o site do Peter Saville deparei com um projecto feito para a empresa portuguesa KrvKurva.
Fui procurar mais informação sobre eles e encontrei este artigo na Fora de Linha (uma revista da FCSH-UNL), que aqui transcrevo. Mostra bem o percurso empreendedor que se exige, particularmente aos designers portugueses.

Quando Daniela e Jorge começaram a divulgar o seu projecto em Portugal, nunca pensaram encontrar tantos obstáculos. “Muitas vezes acusaram-nos de não ser os verdadeiros autores da mala”, conta Jorge recordando o episódio em que a proprietária de uma loja insistiu que a LA.GA bag era um projecto estrangeiro: “Eu até pendurei na parede uma página da revista View onde está essa mala porque a achei giríssima!”, disse-lhes a comerciante. É que a LA.GA já corria o mundo nas páginas das revistas internacionais.

“Um dos problemas em Portugal é a falta de reconhecimento dos designers e produtos nacionais” denuncia Daniela. “As pessoas consomem mais o efeito social da moda do que os produtos em si”. A designer conta como as grandes multinacionais alimentam ainda mais esta tendência. Os seus produtos imitam as criações originais e estimulam as pessoas a comprar o mesmo estilo por um preço muito mais baixo.

55 kg em 40 gr...
A LA.GA venceu este panorama negativo. Para a dupla de designers, um dos motivos de sucesso está no material- o tyvek- concebido pela DuPont num laboratorio em Nova Iorque. “Procurámos trazer para o uso diário materiais utilizados na medicina, engenharia e aeronautica”. Daniela e Jorge apostam na inovação, contrariando o uso de materiais convencionais como o algodão.
À primeira vista parece papel, o que causa ainda mais impacto. Afinal, trata-se de um material resistente, com uma gramagem muito específica e lavável à máquina. Esta mala é para ser vestida. “Sem dúvida que a LA.GA sem o tyvek não teria a mesma performance: são 40 gr que suportam 55 kg!”
A LA.GA “é o culminar de toda a investigação que vinhamos a fazer desde a faculdade”, revela Jorge. Os projectos em comum começaram na Faculdade de Arquitectura de Lisboa, altura em que os dois designers já participavam em concursos e exposições. Este dinamismo deu origem, há cerca de um ano à KrvKurva, atelier onde os dois jovens continuam a desenvolver os seus projectos. “Esta empresa funciona como um laboratório- é preciso procurar conceitos novos.”
A inovação também passa por uma forte consciência social. Um dos motivos que deu o Prémio Nacional do Design a Daniela e Jorge foi o processso de produção da mala- “Não misturamos muitos materiais, só tyvek, linha e tinta”. O processo de reciclagem fica assim facilitado.
A LA.GA bag marca pela diferença mas Jorge e Daniela fazem questão que esta originalidade não imponha preços elevados: “Não queremos que a mala seja uma obra de arte. Ela é uma peça de design, é suposto ter uma função!”

A LA.GA e a Fabrica Features
A LA.GA herdou este nome em homenagem a Gala Fernandez, a project manager da Fabrica Features da Benetton. “Devemos-lhe muito, daí o nome da mala- é o nome dela, com as sílabas invertidas!”.
A Fabrica Features é um espaço cultural criado pela Benetton que se destina ao apoio e divulgação de jovens talentos no campo da arte. Para Jorge, a Fabrica Features é “uma referência na área do design, um sinal de qualidade”.
A ligação entre os designers e este projecto da Benetton já existia porque Jorge trabalhou como consultor na Fabrica em Itália. No entanto, foi Gala Fernandez quem abraçou desde logo esta ideia da dupla portuguesa.
Hoje a relação de Jorge e Daniela com a Fabrica Features é ainda mais forte. A KrvKurva é a actual responsável por este espaço da Benetton em Lisboa.

“To love is not an option”
A mala, na sua versão original branca, começa a ser comercializada em Itália. As portas em Portugal abrem-se depois da LA.GA ser premiada em vários concursos. A partir daí, a mala tem sido alvo de todas as atenções no mundo do design de moda. “Quase que fomos obrigados a criar uma colecção que desenvolve outros padrões para além da branca” diz Jorge. Nasce assim a colecção “To love is not an option”.
Os padrões tiveram o contributo de vários artistas convidados. Fizeram-se edições limitadas de 300 unidades mas também peças únicas. “Talvez a branca seja a nossa preferida por ser a primeira. Mas todas elas têm uma história”- como é o caso do modelo patrocinado pela Benetton que tem o retrato de um escultor chinês que fazia parte do projecto Fabrica Features. “ A ideia era transmitir um sentimento positivo e ele foi a melhor inspiração!”
O percurso da LA.GA já é longo. Passou por Atenas, Londres, Japão e em Novembro estará presente na Trienal de Design em Milão. Esta exposição organizada pelo comissariado da presidência da República contará com a presença de trabalhos de designers e arquitectos portugueses realizados entre 1990 e 2004.
A KrvKurva vai ser representada pela peça original branca da LA.GA e mais duas “to love is not an option”, pintadas por artistas portugueses. Mais uma vez, a LA.GA viaja pelo mundo da moda, mostrando que o design português tem uma palavra a dizer.

Visite atelier KrvKurva
Texto de: Bernardo Aguiar, Diana Matias e Vera Moura

terça-feira, 18 de março de 2008

nos intervalos

Portugal vive numa curiosa obsessão pelos intervalos, que se revela na linguagem:
"estamos quase no Natal!"
"decretaram ponte para quinta-feira"
"o fim de semana que não chega..."
"quantos feriados há este ano?"
"já não dá... estamos quase na hora de almoço"
"vou meter baixa"
"pediste despensa?"
"esta semana é óptima, só tem três dias!"
"não vale a pena marcar nada, porque estamos quase na Páscoa"
"a partir de Junho e até Setembro, nada feito! Está sempre algum administrador de férias"
"a Srª Doutora já chegou, mas deve ter ido beber um cafezinho"
"melhor do que intervalos, só pão com manteiga"

12 tipos de cliente e como trabalhar com eles

Na sequência do post anterior, mais uma colecção de instruções de como lidar com diferentes tipos de clientes. http://freelanceswitch.com/clients/12-breeds-of-client-and-how-to-work-with-them

Estão no blog Freelance Switch e chegaram-me através do blog http://www.reactor-reactor.blogspot.com/

sexta-feira, 14 de março de 2008

contra os designers

É em espanhol, mas perfeitamente perceptível. Pertence a Alejandre Huerta, mas chegou-me via Pedro Aniceto (http://isopixel.net/archivo/2007/09/contra-los-disenadores)


“Como todos saben, los diseñadores gráficos son la razón por la que hay tantas guerras y caos en el mundo. Se meten en nuestras mentes con los mensajes subliminales que usan en sus diseños, nos obligan a gastar nuestro dinero en productos inútiles, nos llevan a la depresión y a cometer actos violentos y claro, la mayoría de los diseñadores son comunistas.
Así que para salvar al mundo de los malvados diseñadores gráficos he creado esta lista de cosas que podemos hacer para asegurarnos de acabar con ellos y obligarlos a dejar su profesión… por siempre!!!!

1. Microsoft Office. Cuando tengas que mandarle un archivo a un diseñador grafico asegúrate que este hecho en algún programa de Microsoft Office, versión para PC de preferencia. Si le tienes que mandar imágenes asegúrate que estas estén incrustadas en un archivo de Office como Word o PowerPoint, esto lo volverá loco. No se te olvide bajarle la resolución lo mas que puedas a la imagen de esa manera tendrá que llamarte para pedirte una en mas alta resolución y cuando lo haga, mándale una aun más pequeña. Si usas email para enviársela olvida adjuntar el archivo un par de veces.

2. Fuentes. (Tipos de letra) Si el diseñador escoge Helvética, tú pídele Arial. Si él escoge Arial pídele Comic Sans. Si él escoge Comic Sans quiere decir que ya está medio loco y tu misión será más fácil.

3. Más es mejor. Digamos que mandaste a diseñar un volante. Los diseñadores gráficos siempre tratan de dejar espacio en blanco por todas partes: usan márgenes grandes, mucho espacio entre letras y entre las líneas de un párrafo. Ellos dicen que esto hace que sea más fácil de leer y que el diseño se verá más limpio y profesional. Mentira! La razón por la cual hacen esto es para que tu documento sea más grande y costoso. ¿Por qué hacen esto? Porque los diseñadores gráficos odian a la gente… también comen bebes…crudos.
Así que pídele al diseñador que use márgenes pequeños y el texto lo haga muy pequeño. Que use muchos tipos de letra y de esos dibujitos que vienen predeterminados en los programas de Office. Ellos trataran de defender sus razones pero no te preocupes, al final tú eres el cliente y tienes la razón.

4. Logotipos. Si le tienes que enviar un logotipo a un diseñador para algún proyecto asegúrate de seguir el procedimiento de mandar imágenes detallado en la regla #1 o mejor aun, dile que lo baje de Internet o mándaselo por fax. Una vez que el pobre diablo logre recrear tu logo en el diseño pídele que lo haga lo mas grande posible. Por otra parte, si quieres que te diseñe un logotipo personalizado haz tus propios bocetos en una servilleta o pídele a uno de tus sobrinitos que lo dibuje por ti. El boceto tienes que estar lo MENOS detallado posible. Entre menos entienda el diseñador mejor porque así lo obligaras a hacer mil cambios después. Nunca aceptes la primera propuesta que haga ni la novena. Pídele que meta una foto en el logotipo, letras en 3D con degradados de arco iris y que use por lo menos tres tipos de letras.
Cuando te entrega la décima propuesta dile que te gusto mas la segunda pero que se parezca a la quinta usando los colores de la séptima. Esto es cruel pero recuerda los diseñadores gráficos son la causa numero uno de cáncer en nuestro país.

5. Usa tus propias palabras. Cuando le describas un proyecto a un diseñador asegúrate de usar términos que no significan algo como por ejemplo: “Quiero un diseño súper padre” o “que se vea bonito”, “que vibre”, “algo espectacular”. Si lo prefieres usa términos contradictorios:“colorido pero en blanco y negro”“conservador pero extravagante ”Hacer esto pone al diseñador un paso más cerca de la locura y mas lejos de querer seguir ejerciendo su profesión.

6. Colores. La mejor manera de escoger colores para tu diseño es al azar. Puedes escribir los colores que más te gusten en papelitos y echarlos en un sombrero y escoger a ciegas. Los diseñadores sugerirán que escojas dos o tres cuando mucho pero no te dejes engañar ellos quieren sabotear tu trabajo, escoge cuantos colores quieras y si quieres cambiarlos a la mitad del proyecto estas en todo tu derecho.

7. Fechas límite. Cuando el diseñador te pida que apruebes el proyecto, tomate tu tiempo. No hay prisa, tomate dos o tres días hasta una semana si quieres siempre y cuando justo un día antes de vencer el plazo de entrega del proyecto le digas al diseñador que tiene que hacer mas correcciones y cambios. Esto probablemente hará que el hígado del diseñador explote pero ¿qué más da? Ellos son responsables de los ataques terroristas que ha sufrido nuestro país últimamente.

8. Acábalo!! Después de aplicarle todo lo de esta lista a tu víctima, el diseñador, por naturaleza humana (está por determinarse si son humanos o no) se sentirá un tanto inseguro. Para ahora se dará cuenta de que no puede satisfacer tus necesidades y abandonara toda esperanza de ganar un argumento contra ti y hará todo lo que le pidas sin respingar. Si quieres tu diseño en amarillo canario con letras naranjas lo hará.
Es fácil pensar que después de todo esto has ganado la guerra contra los diseñadores pero recuerda que la meta es que el diseñador se retire del negocio. Así que prepárate para darle el golpe mortal. Cuando se estén haciendo las decisiones finales sobre los colores, el texto, las imágenes, etc. Dile que te sientes defraudado por su falta de iniciativa, que él es el diseñador y debería ser él quien tome las decisiones usando su experiencia y talento, no tú.
Dile que esperabas mas iniciativa y consejos de su parte y que ya estas harto de su falta de creatividad y que de ahora en adelante tú harás tus propios diseños en Microsoft Publisher o Word en vez de pagar por sus servicios. Después de esto puedes estar seguro de que en el mundo habrá un diseñador grafico menos del cual cuidarse.”